sexta-feira, março 27, 2009

Admirável Mundo Novo


O que você faria se vivesse em mundo onde niguém mais nascesse? Um mundo onde não existisse família? Um mundo onde você seria um escravo da sociedade, escravo do consumismo, da futilidade, da falta de conhecimento?
Um mundo onde as pessoas fossem divididas por classes e de maneira alguma isso pudesse ser mudado.
E o pior de tudo, todos achassem isso completamente normal e comum.

Alguma semelhança com alguma sociedade que você conhece?

Pois bem, esse é o cenário descrito no livro de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo (Brave New World, título original).
Outra coisa, o livro foi publicado em 1932. Isso mesmo, a quase 80 anos!

Na obra ele descreve uma sociedade onde os bebês não mais nascem. Todos são criados em laboratórios desde a concepção até o "nascimento", que eles chamam de decantação. Durante esse processo, as pessoas são divididas em diferentes classes, cada uma com funções diferentes na sociedade. Os Alfas e Betas são as castas mais altas, destinadas ao comando e as profissões que exigem intelecto. Os Deltas, Gamas e Ypsilóns são as castas baixas, destinadas aos trabalhos manuais e menos "intelectuais". O processo de divisão, além de ser físico, com o uso de produtos químicos fazendo com que a aparências física dos mesmos seja diferente, é também psicógico, para isso, eles se utilizam de técnicas de condicionamento.

O condicionamento consiste em fazer as pessoas acreditarem e tomarem como verdades absolutas tudo o que lhes é dito, fazendo com que as mesmas nunca mudem de opnião e acreditem sempre estarem felizes e viverem numa sociedade perfeita. Para mais detalhes sobre essas técnicas de condicionamento, recomendo fortemente ler algo sobre Pavlov.

O livro então vai se desenvolvendo em cima desses fatos até que dois dos protagonistas vão visitar a reserva dos selvagens, que são as pessoas que estão fora do sistema, as pessoas que ainda nascem, criam seus filhos, crêem em religiões e esse tipo de coisa. Lá, nessa reserva, eles conhecem um selvagem diferente dos outros e a partir dai, o livro começa a se delinear numa certa crise existencial, tanto do selvagem, chamado Jhon, quanto de Bernard Marx, um "civilizado" com eles comparando as suas diferenças brutais de comportamento e sociedade.

Um dos momentos mais memoráveis do livro, na minha opnião, é a conversa entre o Administrador Mundial e o Selvagem sobre todo o sentido daquela sociedade e todos os conceitos de felicidade e verdade. É muito interessante a forma como ele define verdade e felicidade como coisas antagônicas. Não vou falar muito pra deixá-los na curiosidade! :P

Outra coisa interessante é a droga utilizada por eles, chamada de Soma. O soma é uma droga criada por eles e não possui efeitos colaterais. Eles são condicionados para usá-la sempre que algo de ruim lhes aconteça, já que a droga provê um escape da realidade, fazendo com que todos os problemas, angústias e medos sejam dissipados pelo efeito da droga.

Além disso, de maneira nenhuma a relação afetiva com outras pessoas é estimulada, na verdade ela chega a ser reprimida. Todos são condicionados de modo a evitarem qualquer tipo de sentimento, promovendo o sexo sem compromisso e sem nenhum sentimento.

Huxley, com maestria e muita visão do futuro criou uma sociedade, que, segundo o próprio quando publicou o livro, só surgiria ainda daqui a um bom tempo, mas que, com o decorrer dos anos, ele mesmo se espantou ao ver algumas das coisas que ele descrevia já acontecendo.
Enfim, ele foi um grande visionário e, mesmo após tantos anos de ter sido escrito, o livro continua completamente atual.

Leitura fortemente recomendada!

7 comentários:

Simone disse...

Estou caidinha pela tua descrição do livro - e pelo livro. Que merd* época de vestibular, não poder ler os livros que queremos... mas esse aí está anotado, com certeza!

Adoro teus livros. Um beijão!

Marília L. disse...

Sempre ouvi falar desse livro, mas nunca o li. Uma pena. Mas irei, esse seu post me deixou imensamente curiosa!
E, Simone, vestibular é mesmo assim... e não só vestibular, faculdade toma quase todo o tempo. Não sei mais o que é ler o que tenho vontade, só ler apostilas e mais apostilas...

Isso tudo me lembrou Matrix, acho que os gêmeos criadores da trilogia leram diversas vezes esse livro.

E tanto desse livro lembra a nossa sociedade, da falta de compromisso, de apego, da personalidade própria. As pessoas são cópias carbono do que vêem na tv, do que vêem nas ruas, do que ouvem... Então, do jeito que tá, o futuro que o autor previu há tanto tempo não está tão longe de ser o presente. Seria ele um profeta?

Mas nem de tudo seria ruim, poderiam começar criando logo um "soma". Eu compraria caixas e mais caixas. :P Ou até criarem aquilo de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças...

Everton disse...

Leia mesmo, com certeza vai gostar Marília! E bem lembrado, os irmãos Wachowski (sei lá como escreve) devem ter se inspirado bastante no livro, porque realmente tem muitas coisas semelhantes.

Certos momentos do livro parece que ele está falando mesmo sobre essa nossa sociedade, é uma coisa impressionante! E realmente, o futuro que ele previu começa a se mostrar num horizonte não muito distante.

Eu quero ler os outros livros dele também, dizem que "A Ilha" é bom também.

E realmente, bem que podiam inventar logo aquela técnica do Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, ajudaria bastante...
Pow, deu até vontade de assistir de novo agora =)

Diana Souza disse...

Li esse livro faz uns 3 anos.. qdo ainda podia ler livros escolhidos por minha vontade!
Muito bom mesmo.

Lembro de uma passagem onde um dos 'civilizados' se depara com a relação mãe-filho ( se não me engano na hora da mama).. e como se espanta com isso!

Pretendo reler..qdo possa voltar a ler por livre e espontânea vontade ¬¬'

Anônimo disse...

Muito legal.... Vc já pensou em ser crítico de livro??? [2]

Se bem que acho que ficaria melhor como marketeiro mesmo... hahahaha

Mas fiquei louco para ler o livro... Já tinha ouvido falar sobre ele um tempo atrás, pois o mesmo inspirou uma música de Pitty (Admirável Chip Novo) rsrs

Muito bom o post, viu???

Everton disse...

ahahaha, crítico de livros? Quem sabe né, pode ser uma boa coisa mesmo!
Mas marqueteiro não!
Jamais!
hahaha

Andressa Pacheco disse...

Foi o melhor livro que li, ou, pelo menos, o que mais gostei.