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terça-feira, agosto 30, 2011

As Virgens Suicidas, Parte II

"A princípio os garotos não disseram nada, estarrecidos com a falação das Lisbon. Quem podia imaginar que falassem tanto, que tivessem tantas opiniões e agarrassem as manifestações do mundo com tantos dedos? Enquanto as olhávamos esquivos, elas tinham crescido, desenvolvendo-se em direções que não podíamos imaginar, lendo todos os livros da expurgada biblioteca familiar. De alguma maneira, através da televisão ou observando no colégio, tinham se atualizado sobre o ritual social de um encontro, de modo que sabiam como manter a conversação ou preencher silêncios constrangedores. Sua falta de experiência nessas situações revelava-se apenas no penteado cheio de grampos, que parecia um estofado rasgado com arames à mostra. A Sra. Lisbon nunca lhes tinha dado conselhos de beleza, e proibia revistas femininas em casa. (Uma enquete da Cosmopolitan "Você tem orgasmos múltiplos?" havia sido a gota d'água.)
Elas tinham feito o melhor possível."

Lindo demais esse livro.
Querendo saber mais sobre o filme, escrevi umas coisas aqui.

sexta-feira, agosto 19, 2011

Bowie



Terminei ontem a biografia do "camaleão" do rock e, vou te dizer, vale a pena a leitura!
Antes de começar, eu tinha uma visão completamente diferente. Pra mim, Bowie já tinha nascido Bowie e já fazia sucesso desde o início da carreira.

Um engano comum.

O livro explicita muito bem toda a batalha que foi o alcance do sucesso mundial de Bowie a partir do Ziggy Stardust e a posteior consolidação dessa fama.
Como não poderia deixar de ser, além de Bowie, é mostrada a colaboração de artistas dos mais diversos universos nos trabalhos que Bowie criou a longo do tempo.

Acredite, pra ler o livro nem precisa ser fã do cara, basta gostar de rock que é garantia de algumas horas bem interessantes.

Depois dessa, meus planos incluem a biografia de Bob Dylan e a dos Beatles.
Meu aniversário tá chegando, quem quiser me ajudar nessa empreitada tem ai uma boa possibilidade. :)

quinta-feira, junho 16, 2011

No Direction Home


Eu estava hoje a tarde na Saraiva Megastore do Iguatemi matando o tempo, quando, despretensiosamente, encontrei essa biografia do Bob Dylan, No Direction Home, nas prateleiras.

Automaticamente eu peguei o livro e fui atrás de um lugar pra me sentar, depois de duas horas procurando (mentira) achei uma boa cadeira e me pus a degustar as páginas.

Dei uma lida em algumas páginas da introdução e olhei, no fim do livro uma sessão linda de fotos, mostrando toda a carreira do cara.

Interessante que essa biografia teve a contribuição do próprio Dylan, que deu entrevistas exclusivas e cedeu acesso inclusive aos seus pais e amigos íntimos para o biógrafo.

Fiquei com vontade de levar pra casa. Quase que eu me dirijo até o caixa com o livro na mão mas parei no meio do caminho, porque né, já estou "lendo" três livros. Mais um não dá.
Mesmo assim, fiquei na vontade. :)

Vou colocar na minha futura lista de presentes, hahaha.

segunda-feira, janeiro 17, 2011

Trem noturno para Lisboa



"Cada um de nós é vários, é muitos, é uma prolixidade de si mesmos. Por isso aquele que despreza o ambiente não é o mesmo que dele se alegra ou padece. Na vasta colônia do nosso ser há gente de muitas espécies, pensando e sentindo diferentemente."

sexta-feira, março 27, 2009

Admirável Mundo Novo


O que você faria se vivesse em mundo onde niguém mais nascesse? Um mundo onde não existisse família? Um mundo onde você seria um escravo da sociedade, escravo do consumismo, da futilidade, da falta de conhecimento?
Um mundo onde as pessoas fossem divididas por classes e de maneira alguma isso pudesse ser mudado.
E o pior de tudo, todos achassem isso completamente normal e comum.

Alguma semelhança com alguma sociedade que você conhece?

Pois bem, esse é o cenário descrito no livro de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo (Brave New World, título original).
Outra coisa, o livro foi publicado em 1932. Isso mesmo, a quase 80 anos!

Na obra ele descreve uma sociedade onde os bebês não mais nascem. Todos são criados em laboratórios desde a concepção até o "nascimento", que eles chamam de decantação. Durante esse processo, as pessoas são divididas em diferentes classes, cada uma com funções diferentes na sociedade. Os Alfas e Betas são as castas mais altas, destinadas ao comando e as profissões que exigem intelecto. Os Deltas, Gamas e Ypsilóns são as castas baixas, destinadas aos trabalhos manuais e menos "intelectuais". O processo de divisão, além de ser físico, com o uso de produtos químicos fazendo com que a aparências física dos mesmos seja diferente, é também psicógico, para isso, eles se utilizam de técnicas de condicionamento.

O condicionamento consiste em fazer as pessoas acreditarem e tomarem como verdades absolutas tudo o que lhes é dito, fazendo com que as mesmas nunca mudem de opnião e acreditem sempre estarem felizes e viverem numa sociedade perfeita. Para mais detalhes sobre essas técnicas de condicionamento, recomendo fortemente ler algo sobre Pavlov.

O livro então vai se desenvolvendo em cima desses fatos até que dois dos protagonistas vão visitar a reserva dos selvagens, que são as pessoas que estão fora do sistema, as pessoas que ainda nascem, criam seus filhos, crêem em religiões e esse tipo de coisa. Lá, nessa reserva, eles conhecem um selvagem diferente dos outros e a partir dai, o livro começa a se delinear numa certa crise existencial, tanto do selvagem, chamado Jhon, quanto de Bernard Marx, um "civilizado" com eles comparando as suas diferenças brutais de comportamento e sociedade.

Um dos momentos mais memoráveis do livro, na minha opnião, é a conversa entre o Administrador Mundial e o Selvagem sobre todo o sentido daquela sociedade e todos os conceitos de felicidade e verdade. É muito interessante a forma como ele define verdade e felicidade como coisas antagônicas. Não vou falar muito pra deixá-los na curiosidade! :P

Outra coisa interessante é a droga utilizada por eles, chamada de Soma. O soma é uma droga criada por eles e não possui efeitos colaterais. Eles são condicionados para usá-la sempre que algo de ruim lhes aconteça, já que a droga provê um escape da realidade, fazendo com que todos os problemas, angústias e medos sejam dissipados pelo efeito da droga.

Além disso, de maneira nenhuma a relação afetiva com outras pessoas é estimulada, na verdade ela chega a ser reprimida. Todos são condicionados de modo a evitarem qualquer tipo de sentimento, promovendo o sexo sem compromisso e sem nenhum sentimento.

Huxley, com maestria e muita visão do futuro criou uma sociedade, que, segundo o próprio quando publicou o livro, só surgiria ainda daqui a um bom tempo, mas que, com o decorrer dos anos, ele mesmo se espantou ao ver algumas das coisas que ele descrevia já acontecendo.
Enfim, ele foi um grande visionário e, mesmo após tantos anos de ter sido escrito, o livro continua completamente atual.

Leitura fortemente recomendada!

sábado, março 07, 2009

Misto-Quente

E ai galera.
Era pra eu ter postado alguma coisa essa semana, mas uma dessas "viroses" me pegou em cheio. Dai, aquela velha chatice de ter que ficar em casa de molho, sabem como é.

Bem, deu pelo menos pra terminar a leitura de "Misto-Quente", do Bukowski.
Misto-quente é um daqueles livros que é um tapa na cara.
Bukowski é um tapa na cara.

O livro conta a trajetória de Henry Chinaski, jovem alemão que vai aos EUA muito cedo levado pelos pais e cresce durante o período da grande depressão de 29. E é nesse ambiente hinóspito, com um pai quase psicopata que bate nele por prazer, uma mãe subserviente e calada e uma sociedade que parece o rejeitar de todas as maneiras possíveis é que ele vai desenvover sua visão de mundo.
Na adolescência nada parece melhorar para ele, nem a escola, nem os amigos, nada parece satisfazê-lo e assim ele vai descobrindo o mundo à sua maneira.

O estilo de escrita do livro é bastante crua, recheada de palavrões, deixando a leitura, ao meu ver, bem mais interessante.

Existe um trecho em que Bukowski descreve um paradoxo muito interessante na mente do personagem que ocorre no momento em que ele vai à praia com seu amigo Jimmy e este encontra algumas garotas na praia:
"Observei-os saindo da água, reluzentes, jovens, as peles macias, invictos. Queria que eles me quisessem. Mas nunca por piedade. Ainda assim, apesar de seus corpos e mentes suaves e intocados, continuava a lhes faltar algo, porque até então, basicamente não tinham sido testados. Quando a adversidade finalmente chegasse em suas vidas, chegaria muito tarde ou seria por demais pesada. Eu estava preparado. Talvez."

Henry em todas as partes do livro demonstra ser uma pessoa difícil de lidar, arisca e dura. É o tipo de pessoa sensível com o mundo mas que não tem paciência com as pessoas, para aturar suas chatices, lamentações, sonhos fúteis e etc. Ele definitivamente não consegue se encaixar na sua sociedade, sente-se sempre um estranho, mesmo com seus pais.

Nesse livro, Bukowski demonstra ser um cara bem direto com as palavras e com os fatos que descreve. Dá-se quase a impressão de que o livro é composto por vários contos sobre o mesmo personagem dada a dinâmica com que as coisas se desenvolvem.
É uma leitura muito agradável, você chega ao fim do livro com aquela sensação de que foi rápido demais.

Bom, fica ai a dica. Leiam!

domingo, dezembro 14, 2008

"Vim ao funeral do rei"


Estava lendo no ônibus Cem Anos de Solidão, do Gabriel García Márquez, e, mesmo sem ter terminado o livro por completo, esta passagem me chamou muito a atenção, tanto, que eu decidi publicar por aqui.
Quando terminar o livro, escrevo algo mais detalhado.
Espero que gostem, como eu gostei.

"Era Prudencio Aguilar quem o limpava, quem lhe dava de comer e quem lhe levava notícias esplêndidas de um desconhecido que se chamava Aureliano e que era coronel na guerra. Quando só, ele se consolava com o sonho dos quartos infinitos. Sonhava que se levantava da cama, abria a porta e passava para outro quarto igual, com a mesma cama de cabeceira de ferro batido, a mesma poltrona de vime e o mesmo quadrinho da Virgem dos Remédios na parede do fundo. Desse quarto passava para outro exatamente igual, até o infinito. Gostava de ir de quarto em quarto, como numa galeria de espelhos paralelos, até que Prudencio Aguilar lhe tocava o ombro. Então voltava de quarto em quarto, acordando para trás, percorrendo o caminho inverso, e encontrava Prudencio Aguilar no quarto da realidade. Uma noite, porém, duas semanas depois de o terem levado para cama, Prudencio Aguilar tocou-lhe o ombro num quarto intermediário, e ele ficou ali para sempre, pensando que era o quarto real. Na manhã seguinte, Úrsula lhe levava o café quando viu se aproximar um homem pelo corredor. Era pequeno e atarracado, com um terno de fazenda negra e um chapéu também negro, enorme, enterrado até os olhos taciturnos. "Meu Deus", pensou Úrsula. "Eu teria jurado que era Melquíades." Era Cataure, o irmão de Visitación, que havia abandonado a casa fugindo da peste da insônia, e de quem nunca se tornou a ter notícia. Visitación perguntou-lhe por que tinha voltado, e ele respondeu na sua língua solene:
- Vim ao funeral do rei"

quinta-feira, novembro 06, 2008

Quando Nietzsche Chorou


Antes de tudo, perdoem minha demora em escrever, ando bastante ocupado esses tempos.

Ontem terminei de ler Quando Nietzsche Chorou.

Nem preciso dizer o quanto gostei do livro, muito bem feito, com personagens que em sua maioria realmente existiram e ambientado na Viena do final do século 19.

Mas enfim, vamos a história.

Basicamente o livro conta a história do nascimento da psicanálise, tendo como personagens principais o Dr. Josef Breuer, considerado o pai da psicanálise, e o Nietzche, que todo mundo já deve ter ouvido falar. ;)
O Dr. Breuer é procurado por uma jovem moça, chamada Lou Salomé, no intuito de ajudar um amigo seu, no caso, Nieztche.

Ela decide procurar o Dr. Breuer por saber das experimentações dele com a terapia da conversa com uma de suas pacientes e, por acreditar que Nietzsche tem problemas parecidos, acredita que Breuer é o único que pode ajudá-lo.
Apesar da recusa inicial do médico, ele acaba concordando em ajudar o professor.

A partir de então o livro vai se desenvolvendo na tentativa do Dr. Breuer de convencer Nieztche a tratá-lo do seu desespero, que o mesmo teima em negar.

No fundo Breuer também esconde uma profunda angústia e ele nem imagina o quanto ele e Nietzsche são parecidos e como vão se ajudar para encontrar a solução para seus problemas.

Vou parar por aqui senão conto a história toda.
Mas enfim, o livro proporciona uma ótima leitura sobre a questão do desespero pessoal, das prioridades de vida, da liberdade pessoal.

Os diálogos entre o Dr. Breuer e Nietzsche no decorrer do tratamento são muito bons, em que os papéis de médico e paciente , ou, como muitas vezes parece, professor e aluno, constatemente se invertem.

Uma analogia bastante citada é o jogo de xadrez, em que a cada diálogo, cada palavra, é como uma jogada de xadrez, porém, com o mútuo objetivo de que os dois cheguem ao "xeque-mate".

Além disso, pode-se ver o livro também como uma introdução a filosofia de Nietzsche, instigando o leitor a buscar mais leituras para uma melhor compreensão do pensamento do grande visionário que Nietzsche foi e é.

Enfim, bastante recomendado a tod@s!
Da próxima vou escrever sobre algum filme.
Tenho em mente Cidade dos Sonhos e Blade Runner.
Ainda vou decidir sobre qual dos dois falar =).