quinta-feira, abril 07, 2011

Gosto, momento e distribuição

Um amigo certa vez me falou que o fato de você gostar ou não de uma determinada música ou álbum depende muito de como você se sente no momento.

Algumas demonstrações pra ficar mais claro:

Exemplo 1: A primeira vez que escutei o Queens of The Stone Age não gostei. Ouvi umas duas músicas mas não achei nada interessante.
Uns bons 3 anos depois, volto eu a escutar a banda e, veja só, gostei de primeira! Achei muito bom o tal do crossover que eles fazem e o Songs For The Deaf entrou pra minha lista de álbuns preferidos.

Exemplo 2: Sempre gostei de Los Hermanos. Nunca fui um grande fã, mas curtia as músicas, gostava das letras e coisa e tal.
E então que durante essa pausa fake deles, resolveram tocar em Salvador e eu como curtia a banda, resolvi ir lá ver o show, que todo mundo sempre descrevia como algo nada menos que fantástico.
E o que eu vi?
Um show meio chato, fãs completamente loucas e histéricas que gritavam sem parar me deixando quase surdo (me senti num show do KLB), uma banda pouco entrosada e essas coisas que só vê quem tá de fora.
Mas então, será que a banda deixou de ser boa?
Será que toda essa história de parada fez tanto mal para eles?
Acho que não.
Como dito anteriormente, acho que tudo depende do momento e aquele, certamente, não era a hora certa pra curtir o show.

Bom, o que eu tentei ilustrar é justamente o fato de que gostar ou não de determinada coisa depende, na maioria das vezes, muito mais das circunstâncias do que das qualidades de fato daquilo que é mostrado.

Outra coisa importante a se frisar é a questão da distribuição. Será que muita gente prefere ouvir Psirico à Chico Buarque por uma simples questão de escolha? Ou será que é uma questão de acesso aquilo que é mais fácil?
O que é mais simples?
Ligar um rádio e escutar Claudia Leitte gritando o dia todo ou ir na internet, procurar no Google, encontrar algum site que funcione e esperar baixar todo o disco do Caetano?

Tudo isso junto influencia diretamente o que se escuta, o que se gosta e aquilo que você efetivamente é.

6 comentários:

Mr. Guima disse...

Vai ser um comentário longo, bem longo.

Pra inicio de conversa. "Sábado de sol" uma poR#$! Tá chovendo e muito aqui em Candeias

Mas defendo a bandeira da distribuição (e um pouco de vontade) e ao acesso à musica.
Pois, iniciei minha vida musical ouvindo rádio.

Ouvia coisas como Roupa Nova, 14 Bis, Guilherme Arantes, dentre outras pérolas (ops!). Claro, vocês acham que iriam ouvir Stone Temple Pilots em uma rádio (na Bahia)?

As coisas tomaram forma depois que passei a registrar em K7's (sim, sou da dédcada de 80) as músicas que gostava. E registrava sempre por estilo. E então estava lá minhas fitinhas k7 listada por "vocal feminino", "rock pesado", "rock leve", "diferente".
Descobri na chamada da rádio que uma das musicas da k7 era o Roxette que cantava. comprei a revista e percebi que tinha gravado 30 min de roxette sem saber.

Pronto, isso foi o bastante pra eu começar a comprar cd's, revistas, cifras da banda e a partir dai sair buscando coisas novas similares às que eu já conhecia.

Dai para chegar ao Pink Floyd, Weezer, Cérebro Eletrônico, Violins, foi só uma questão de tempo e acesso a internet.

Acessibilidade conta e conta muito.

Emile Lira disse...

tem muito dessas coisas mesmo: momentos. olha que muita banda que eu adoro hoje eu não curtia a um tempo atrás, e vice versa.
acho que é a sintonia, se voce não tá em sintonia com aquilo, por mais que seja bom, você não se identifica, não curte. a música é muito isso, você se sentir um pouco naquilo alí que está ouvindo

Everton disse...

Isso Guima, tem a questão da vontade também. Mas pra mim isso é reflexo das outras coisas.
Emile, é bem por ai mesmo. Sintonia com a música. Isso é muito importante!

merdinhas alheias disse...

Porra véi, não ter acesso a música de qualidade é foda! Seu post foi tipo continuação de um meu. kk

Deise Luz disse...

post legal! :D

isso aí, discussão essencial mesmo quando se trata de cultura é a da distribuição. aí sim se tem mais diversidade, mais riqueza, mais possibilidades.

Anônimo disse...

Muito interessante! Ah, concordo em tudo que você disse! Já tiveram muitas músicas que ouvi em determinado momento e não senti nada! Ouvi algum tempo após e ... bateu aquele sentimento, aquela emoção, algo meio inexplicável e encantador! Quase amor ao primeiro ouvido (só que não mais)!